sexta-feira, 30 de abril de 2010

Foda-se... (e outros textos de Leonardo Luz)


FODA-SE
Sem falsa modéstia – até por que, em mim, toda modéstia é falsa – esse texto vai mudar sua vida.
Eu tive, sim, a pretensão de transformar sua existência de uma maneira jamais vista. Esse texto traz a pessoa amada em sete dias, afasta mal-olhado, olho-gordo, encosto e até aquela música do Sandijunior que não sai da sua cabeça.
Guarde esse texto depois de lê-lo. Com certeza, daqui a algum tempo, no seu casamento, aniversário, noivado ou até no velório de alguém cuja vida tenha sido tocada pela beleza e profundidade desse texto, você vai lê-lo em voz alta e dizer que, agora, sua vida é dividida em duas partes: antes e depois de ter sido tocado por essas palavras.
Pode até usar no convite da formatura, eu cedo os direitos desde que receba um
convitinho. Só – por favor – não o credite ao Veríssimo ou ao Drummond.
Mas – dizia eu – mudar sua vida. Como mudei a minha, e agora divido com vocês. Mudou pra melhor? Bom, pra mim, muito. Pros outros, nem tanto assim. Sabe como é, na vida, no impedimento e na ginecologia é tudo uma questão de ponto de vista. Ficou curioso?
Desato o nó. Em certo momento – e isso pode estar acontecendo com você nesse exato instante – percebi que não tinha mais em minhas mãos as rédeas da minha vida (bonito isso…).
Percebi que as opiniões alheias pontuavam minhas escolhas e me aporrinhavam os ouvidos. Eram palpites sobre minha namorada, meu time, meu cabelo, minha barba, meu boné, minha faculdade, minhas roupas, enfim, sobre tudo. Se metiam em tudo, e eu percebia que, mesmo sem querer, às vezes me deixava levar por essas “opiniões imparciais”.
Foi quando fui tocado por uma luz divina. Abri a janela, e entrou uma luz através da poeira do meu quarto, dando aquele clima de revelação de filme francês. Maravilhado pelo toque do Divino em minha vida, ouvi uma voz grossa, que entoava sem parar: “foda-se, foda-se, foda-se… É isso! Foda-se!! Que se foda!!”
Antes de mais nada, tirei o cd do Ultraje a Rigor do rádio, e sem aquela voz grossa dizendo foda-se pude pensar melhor. A solução é isso! Mandar todo mundo se foder! Em linguagem popular e moderna, tocar o foda-se. Como? Acha difícil?
Acompanha: vai até o painel de controle da sua vida. Foi? Então. Agora, entre esse monte de botões, tem um vermelho, com uma capa em cima, escrito: não aperte. Pois bem, risque isso e escreva em letras pretas: FODA-SE.
Pronto, escreveu? Agora tire devagar a tampa. Fique alguns segundos fitando o botão.
Antes de toda decisão séria, fique parado alguns segundos. Pausa dramática. Dá seriedade ao momento e fica bonito depois no trailer do filme. Agora, respire fundo, olhe pro alto, faça um flashback de toda sua vida antes disso e, sem pena, aperte o botão.
Se quiser ficar mais dramático, diga algo como “seja o que Deus quiser” ou “eu não tinha escolha”. Pronto. Você ligou o foda-se.
Agora, sempre que alguém reclamar do seu cabelo, entoe o mantra: foda-se. “Essa sua namorada não presta”. FODA-SE. “que barba ridícula”. FODA-SE. “Você tem um blogue? Coisa de adolescente”. Nossa… FODA-SE. “Credo! Quanto palavrão num texto só!”. Me desculpa, mas FODA-SE.
Agora que sua vida está mudada, que você e só você escolha o que vai fazer e quando e como e com quem, vou ficar por aqui. Como? Sua vida não mudou? Ahá! Achou que eu ia falar FODA-SE? Ahhahaha!! Pra não decepcionar ninguém, FODA-SE. E vou usar também outro mantra, que tem mais poder do que esse, mas que eu não ensino.
É passado de geração pra geração. “Tô pouco me fodendo.”
Botão Oficial do FODA-SE. Aperte você também!



Ai, ai...


“Um sujeito parado, sozinho, numa esquina, numa noite de chuva e com aspecto feliz. Ou é maluco, ou está apaixonado”. Não me lembro bem de quem é essa frase, mas é sem dúvida uma dessas verdades absolutas, assim como o hidrogênio e a burrice. É, essa frase também não é minha... Originalidade é a arte de saber esconder as fontes, minha senhora. Como? Não,essa também não é minha. Mas vamos ao que interessa, o assunto da frase inicial. O que as pessoas mudam quando estão apaixonadas é uma grandeza! Nego fica simpático, bem humorado, mais calmo, anda na rua rindo sozinho, e tem até quem fique inteligente e passe a gostar de pagode e axé...



Qualquer coisa é motivo pra ficar feliz: se tá sol e de repente começa a chover, e você tá de camisa branca, pasta cheia de papel e sem guarda chuva, você logo levanta a cabeça, olha pro horizonte e fica pensando em o quanto a natureza é bela e imprevisível. Há uma semana atrás você ia estar mandando a natureza pra puta que pariu, por que sempre chove quando você tá sem guarda chuva. Passa um carro em cima de uma poça e te ensopa todo, e você, ao invés de procurar uma pedra e arrebentar o vidro do desgraçado, suspira, sorri e sai chutando a água, se achando o próprio Gene Kelly... No dia anterior você foi dormir às cinco da madrugada trabalhando, e agora, às oito da manhã, toca o diabo do telefone e, ao invés de quebrar o maldito aparelho, arrebentar a tomada e mandar o infeliz pros quintos dos infernos, você atende o sujeito que quer te vender enciclopédia às oito da manhã como se fosse seu amigo de infância, e quando ele lhe dá bom dia, você – que em sã consciência ia fingir que vai comprar o curso só pra encontrar com ele e quebrar a cara dele -, responde prontamente: “É, está um ótimo dia! Não poderia estar melhor!”, compra uma coleção de enciclopédias e ainda indica mais dez amigos que estariam interessadíssimos em comprar enciclopédia às oito da manhã de um sábado de sol. E ainda lhe deseja muito boa sorte e que ele tenha um ótimo dia. E não que ele morra de hemorróidas.
Você não liga pra pisão no pé, empurrão no ônibus nem gente furando fila. Afinal, a vida é tão boa pra ficar se preocupando com essas banalidades... Você senta no ônibus e começa a cantarolar sozinho, sorrindo e batucando no banco da frente. Você escuta uma música numa boate, e se une ao coro dos que cantam com os dedinhos levantados e olhos fechados. Nada te aborrece. Hora extra, vizinho barulhento, a Telemar, nada! Nada consegue te tirar do sério. Você não liga nem pruns malucos chatos e pretensos escritores que ficam enchendo seu saco no seu blogue, fazendo textos tão engraçados quanto dor de dente, tão inteligentes quando redação de “o que você fez nas férias” de curso de inglês de adolescente, e tão empolgantes e interessantes quanto itinerário de elevador. Nem isso te irrita. Nada te irrita. Você é o próprio Dalai Lama. Bom, quase nada. À não ser quando você liga, liga, liga e ela não atende. Aí você levanta, dá um soco no computador, um bico na mesinha de centro, taca uma pedra no pára-brisa do corno que te molhou, mete a porrada no desgraçado que tá querendo furar fila e liga pro palhaço que te ligou às oito da manhã, manda ela pra casa do caralho, e entra nos blogues pra rir dos textos ridículos daquelas bichas enrustidas só pra exercitar seu sadismo. Mas fora, isso, nada, mas nada mesmo, consegue tirar seu bom humor...


Textos de Leonardo Luz - mais informações sobre o autor, visite o blog: Eu e Meu Ego Grande

Um comentário:

Obrigada pela visita!

Nina

ATENÇÃO

Muitas imagens do BLOG são fonte de pesquisa na internet.
As imagens que incluem o ByNina na lateral são criadas por mim, geralmente pego frases de outros autores, citando o mesmo e imagens de fundo disponíveis na internet.
Todas as frases e pensamentos com a assinatura ByNina embaixo da arte são de minha autoria.
Lembre-se sempre de citar a fonte quando compartilhar.
E se alguma imagem tiver direitos autorais, entre em contato comigo através do e-mail bynina@hotmail.com que cito o autor ou retiro imediatamente.
Obrigada pela compreensão!

Carolina Carvalho
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...