segunda-feira, 1 de junho de 2009

Além da Mitologia Indiana


O MITO

Qual a primeira coisa que vem na sua cabeça quando se fala em Mitologia Indiana?
Provavelmente algo bem místico e espiritual.
Mas a Mitologia, independente da sua origem vai muito além disso.
Para compreender melhor vou falar um pouco sobre o mito.

Segundo Joseph Campbell os mitos têm basicamente quatro funções.

A primeira é a função mística, os mitos abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a consciência do mistério que subjaz todas as formas.

A segunda é a dimensão cosmológica, a dimensão da qual a ciência se ocupa – mostrando qual é a forma do universo, mas fazendo de tal maneira que outra vez, o mistério se manifesta.

A terceira função é a sociológica – suporte e validação de determinada ordem social. Os mitos variam tremendamente de lugar para lugar. Existe a mitologia da poligamia, da monogamia e foi essa função sociológica do mundo que assumiu a direção do mundo, e está desatualizada.

E ainda existe a quarta função, que seria a ideal, a função pedagógica, de como viver uma vida humana sob qualquer circunstância. Reaprender o antigo acordo com a sabedoria da natureza e retomar a consciência de uma fraternidade com os animais, a água e o mar.

Dizer que a divindade modela o mundo e todas as coisas é condenado como panteísmo. Tal palavra é enganadora, pois sugere que um deus pessoal supostamente habita o mundo, mas a idéia em absoluto não é essa. A idéia é transteológica, de um mistério indefinível, inconcebível, admitido como um poder, isto é, como a fonte, o fim e o fundamento de toda vida e de todo o ser.

“Mas se você pensar em nós como vindos da terra, não como tendo sido lançados aqui de alguma parte, verá que somos a terra, somos a consciência da terra, esses são os olhos da terra, e esta é a voz da terra”. Todo o planeta como um só organismo.
Assim surge o novo mito, não se pode prever que mito será esse, como se não pode prever o que irá se sonhar a noite, pois mitos e sonhos vêm do mesmo lugar. Vêm de tomadas de consciência de uma espécie tal que precisam encontrar expressão numa forma simbólica. E o único mito de que valerá a pena cogitar, no futuro imediato, é o que fala do planeta e de todas as pessoas que estão nele, e ele lidará com o que todos os mitos têm lidado – o amadurecimento do indivíduo, da dependência à idade adulta, depois à maturidade e depois à morte; e então com a questão de como se relacionar com esta sociedade, e de como relacionar esta sociedade com o mundo da natureza e com o cosmos.

O mito vai muito além do misticismo. A mitologia indiana é extremamente mística nos dias de hoje. Mas nem sempre foi assim. O Hinduísmo, religião dominante na Índia, não teve um fundador. Ele foi baseado em toda uma cultura que surgiu muito antes da religião. Essa herança cultural deu origem aos livros sagrados, conhecidos como Vedas, que foram escritos por volta de 1.500 a.C. Eles são a base de todas as escrituras sagradas do Hinduísmo.

No livro “O Poder do Mito” de Joseph Campbell, encontram-se trechos interessantes a respeito dos mitos e sua função:

“Mitos são histórias de nossa busca da verdade, de sentido, de significação através dos tempos. Todos nós precisamos contar nossa história, compreendê-la. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentá-la e todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, descobrir o que somos”.

E ainda diz Campbell: “Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso assim. Penso que o que estamos procurando é a experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior de nosso ser e de nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos. É disso que se tratam os mitos, e é o que essas pistas nos ajudam a procurar dentro de nós mesmos”.

O mito passa a ser experiência de sentido, experiência de vida. A mente se ocupa do sentido. Qual é o sentido de uma flor, de uma pulga, do universo? Está exatamente ali. É isso. E o seu próprio sentido é que você está aí. O prodígio de estar vivo é que de fato conta. Os mitos ensinam que você pode se voltar para dentro, e você começa a captar a mensagem dos símbolos. O mito ajuda a colocar sua mente em contato com essa experiência de estar vivo.

O que temos hoje é um mundo desmitologizado, e em conseqüência, há muito interesse em mitologia, porque os mitos trazem uma mensagem. São histórias sobre a sabedoria de vida, ao contrário do que as universidades e escolas estão ensinando, prendendo-se demais em assuntos tecnológicos. A mitologia vai além da literatura e da arte, ensina sobre a própria vida. A mitologia tem a muito a ver com os estágios da vida, as cerimônias de iniciação, quando você passa da infância para as responsabilidades de adulto, da condição de solteiro para a de casado. Todos esses rituais são ritos mitológicos. Todos têm a ver com o novo papel que você passa a desempenhar, com o processo de atirar fora o que é velho para voltar com o novo, assumindo uma função responsável. Os mitos são ainda os sonhos do mundo, são sonhos arquetípicos, e lidam com os magnos problemas humanos. Eles dizem como reagir diante de certas crises de decepção, maravilhamento, fracasso ou sucesso. “Os mitos dizem onde estou”.

Entendendo o conceito do mito, a mente se abre para a Mitologia.
Porque os homens, desde os primórdios de sua existência tinham o costume de reunirem-se em volta de uma fogueira e contar histórias. Histórias que se tornaram mitos e mitos que foram transformados em religiões.

Então finalizo com outras perguntas: Quais as histórias de hoje que serão os mitos de amanhã? Quem serão os heróis? Quem serão os deuses?

Carolina Carvalho
bynina@hotmail.com

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